Estudantes portugueses oferecem pedras para colegas atirarem em alunos brasileiros
LISBOA –
Um cartaz xenófobo contra
estudantes brasileiros abriram uma crise nesta segunda-feira, 29, na Faculdade
de Direito da Universidade de Lisboa (UL), a mais
tradicional instituição de formação de advogados de Portugal. Os dados oficiais
apontam que, dos 5.488 alunos da Faculdade de Direito, 1.227 são brasileiros.
Um grupo de
estudantes portugueses colocou um cartaz oferecendo pedras grátis para atirar
em alunos brasileiros. "Grátis
se for para atirar a um zuca (que passou à frente no mestrado)", dizia o
cartaz sobre uma caixa com pedras. Zuca é uma gíria para se referir a
brasileiros. Estudantes estrangeiros prometem uma grande manifestação na porta
da faculdade na quinta-feira, 2 de maio, para pedir medidas contra a xenofobia.
Na tarde desta
segunda, a estudante brasileira Flora Almeida, que
faz mestrado em Direito Fiscal na UL, viu a suposta brincadeira. “Primeiro, fui
falar com eles, questionar, mas me disseram que era uma piada. Então tirei
foto, para mostrar nos grupos que faço parte. Depois até quiseram me
‘explicar’, mas eu disse que precisavam se explicar para a direção da
faculdade.”
A direção
da faculdade pediu a retirada imediata do cartaz e divulgou uma nota que,
apesar de reafirmar o respeito da instituição à “diversidade cultural, étnica e
de proveniência”, dizia que a faculdade convive com “a autocrítica, o humor e a
sátira”, sem citar medidas disciplinares.
O caso,
contudo, chegou até o reitor da universidade, António Cruz Serra, que
anunciou à agência Lusa a instauração de um processo disciplinar. A
direção da faculdade de Direito marcou para a manhã de terça-feira uma reunião
com os representantes discentes dos brasileiros.
“Este é
mais um episódio de xenofobia de portugueses contra alunos estrangeiros. Os
ânimos ficaram acirrados hoje, mas estamos satisfeitos com a resposta da
Universidade”, afirmou Elizabeth Matos Lima, aluna de mestrado da instituição e
presidente do Núcleo de Estudos Luso-Brasileiros (Nelb).
Estudantes
brasileiros queixam-se da discriminação também por parte de docentes. “Teve um
professor que humilhou uma turma inteira, dizendo que os brasileiros não eram
comprometidos, que só querem viajar e passear. Felizmente ele acabou suspenso”,
relatou um aluno.
Histórico
Elizabeth explica que a tensão entre
portugueses e brasileiros tem sido crescente, sobretudo nos últimos dois anos,
por causa de um forte aumento da presença de alunos de mestrado e doutorado
vindos do Brasil.
"É comum que nas turmas de mestrado,
de 15 alunos, de 10 a 13 sejam brasileiros", conta. Segundo ela,
professores da graduação da faculdade local são muito rigorosos nas notas. Na
seleção para o mestrado e doutorado, na análise do histórico escolar, os
brasileiros em geral têm notas muito superiores e ficam com as vagas. A
universidade é pública, mas cobra mensalidade.
Comentário:
É
bizarro como ainda hoje há tanto caso de xenofobia mundo a fora. Para uma
pessoa ser xenofóbica é preciso ter ódio ou repulsa por pessoas de um
determinado país ou até criar conceitos preconceituosos sobre essas pessoas.
Xenofobia pra mim, é algo nojento, pois as pessoas tratam mal/diferente
alguém, simplesmente pela sua nacionalidade. Isso é extremamente
preconceituoso...
Já
vi vários casos como esse acontecendo em Portugal. Com as mulheres,
principalmente, chega a ser um pouco pior, pois elas são obrigadas a ouvir
terceiros chamando-as de prostitutas, “vagabundas” e etc por elas serem
Brasileiras. Fico me perguntando como isso pode acontecer em pleno século 21.
Muitos
brasileiros partem para Portugal em busca de educação e infelizmente encontram
pessoas com um pensamento extremamente antigo.
No futuro espero que isso diminua, pois muitas pessoas são prejudicadas
por conta da xenofobia.