'Fico na bilheteria, faço faxina como ninguém. O teatro não fecha',
garante Andrea Beltrão
RIO — Desde abril, o Teatro Poeira não tem mais o
patrocínio da Petrobras que mantinha há anos. Criado e administrado desde 2005
por Andrea Beltrão e Marieta Severo (prestes
a completar 15 anos, portanto), o espaço não foi o único a sentir a faca. Mas sua
perda gerou a reação mais forte: pela internet, as
artistas receberam apoio, mas também várias mensagens celebrando “o fim da
mamata”. Uma fonte secou, mas o teatro não fecha, diz Andrea.
— Fico na bilheteria, faço faxina como ninguém. A gente ( Marieta e ela ) vem e
cuida sozinha, se precisar. — diz a atriz, que complementa. — É uma falta de
informação absoluta. Essas duas casas ( o
Teatro Poeira e o Poeirinha ) foram compradas com recursos
próprios da Marieta Severo e meus. Dinheiro de pessoa física, trabalhado e
declarado na Receita Federal. As reformas foram feitas com recursos próprios. A
Petrobras entrou cinco anos depois ( da
abertura ). O patrocínio que a gente tinha da Petrobras não
era salário para Andrea e Marieta, era para artistas do mundo inteiro virem
ministrar oficinas, para montar espetáculos para plateias lotadas com
gratuidade. Não entendo por que comemorar o fim de uma coisa que dava acesso a
todos.
Após passar três anos viajando pelo Brasil com sua premiada
montagem de “Antígona”, a atriz volta ao Poeira com o monólogo. Nesta
entrevista, ela conta como a história da filha de Édipo e Jocasta — que tenta
enterrar o irmão, desafiando o tio, o rei Creonte — dialoga com a busca por
justiça em 2019. Comenta também os planos para o teatro e o ódio contra
artistas, além de como encara o desafio de fazer “Hebe
— a estrela do Brasil” . No filme que estreia em agosto, ela
interpreta a apresentadora que era “um ícone contestador, à direita, mas que
gostava do pessoal da esquerda”.
— Botava um general homofóbico sentado ao lado de
uma travesti maravilhosa! Ela lutou a vida inteira pela liberdade de expressão
— às vezes com opiniões contraditórias, mas não importa.
Comentário:
Além de tudo que estamos vendo acontecer no país, uma das coisas que
mais vemos é a falta de incentivo a Arte, a Cultura. Artistas são chamados de
“vagabundos”, patrocínios são cortados e cada vez que passa, fica mais difícil
para os artistas viverem da sua Arte.
Achei a atitude da Andrea Beltrão extremamente
importante para a sociedade de hoje em dia, porque cada vez mais, vemos teatros
sendo fechados ou por falta de dinheiro ou de patrocinadores. Com isso,
infelizmente, a cultura de ir ao teatro, aos poucos, está acabando. Já temos
aqui no Rio, o problema da violência e da insegurança de sair de casa,
principalmente a noite, além disso tudo, as pessoas não querem mais sair de
casa para se entreter, se elas tem isso dentro de casa no conforto do seu sofá.
Mas, na minha opinião, o teatro não é somente para entretenimento. Quando eu
vou ao teatro e vejo o trabalho lindo que os atores fazem em cima do palco, meu
coração acelera, só de pensar o quanto aquelas pessoas se esforçaram para
estarem lá chego a me arrepiar.
O teatro é algo lindo, que une pessoas, tanto quem
assiste quanto quem faz acontecer. Eu fico triste de ver que uma coisa tão
incrível está sendo tão pouco valorizada e que cada vez que passa, menos
pessoas aproveitam, principalmente aos jovens.