Promessas falsas de cura do câncer
geram
milhões de visualizações e lucro no YouTube
"Oi,
estou com um parente com metástase óssea, você pode me receitar esse
remédio?", pede Reginaldo, comentando em um vídeo no YouTube.
Sua irmã, de
44 anos, foi diagnosticada com câncer de mama há três anos e está em seu
terceiro tratamento de quimioterapia depois que o câncer se espalhou. Reginaldo
dos Santos, um vendedor de Vitória da Conquista, na Bahia, procura a solução em
um vídeo intitulado "Remédio Caseiro Contra o câncer, tumores e
outros". E o remédio receitado é o melão-de-são-caetano, planta de origem
asiática.
O autor do
vídeo, um homem do interior do Estado do Espírito Santo, é dono do canal
"Elizeu Artes e Criação". Em um vídeo, publicado em 2016, ele olha
para câmera e diz que a planta "combate tumores e câncer". "De
80% a 90% das células de câncer são desfeitas com melão-de-são-caetano",
afirma.
O vídeo, que
contém anúncios, tem 142 mil visualizações e se mistura a outros de seu canal:
"Sal e vinagre tira ou não queimados de panela?", "Como fazer
letras 3D", "Como tirar manchas do rosto e limpar a pele com menos de
R$ 5". A promessa de curar câncer com melão-de-são-caetano, uma afirmação
sem comprovação científica, está entre vídeos de "receitas, artes,
experimentos e dicas domésticas".
O vídeo é
apenas um entre vários em português carregados de desinformação sobre saúde
disponíveis na plataforma.
Uma
investigação exclusiva da BBC Brasil e do BBC Monitoring, braço da BBC que
noticia e analisa informações do mundo todo, encontrou vídeos monetizados com
desinformação e curas falsas para o câncer em 10 idiomas, incluindo português.
Um vídeo "monetizado" significa que é acompanhado por anúncios que
podem gerar dinheiro, tanto para os criadores quanto para o YouTube.
Em nota, o
YouTube disse que "a desinformação é um desafio difícil" e que a
empresa toma "diversas medidas para endereçar isso" (leia a resposta
completa do YouTube no fim desta reportagem).
Mas milhares
de brasileiros procuram por respostas no YouTube. "É muito assustador quando
você ou alguém que você ama recebe um diagnóstico de câncer", diz o
cardiologista Haider Warraich. "Isso nos faz tomar decisões mais com a
emoção do que com a razão."
Isso pode ser
perigoso porque, como Warraich escreveu no jornal americano New York Times, a
"desinformação médica pode provocar um número de corpos ainda maior"
que outros tipos de desinformação.
Comentário:
Infelizmente por conta da falta de
informação que uma grande parte da população do Brasil e do mundo, muitas
pessoas propagam as popularmente chamadas “fake News“ propositalmente ou não.
Nesse caso o homem, simplesmente não
tinha os conhecimentos necessários pra reconhecer que aquilo não daria para
curar o câncer, algo que há anos a ciência tem tentado a todo o momento.
Acho que antes de postar e
compartilhar qualquer coisa na internet, é importante confirmar se aquilo é
verdade ou não. Se ele tivesse feito isso, poderia ter evitado que muita gente
se prejudicasse por conta disso.
O pior é a gente saber que tem gente
que usa o sofrimento dos outros para enganar e assim, ganhar dinheiro.
Nos momentos mais difíceis, as
pessoas ficam mais vulneráveis e acabam acreditando em qualquer coisa.
Colocar esse tipo de “fake News” é
um crime, pois pode fazer com que pessoas abandonem o tratamento com os
médicos, para se “tratarem” com coisas desse tipo.