Equipe da PUC-Rio é punida após
denúncias de racismo em jogos jurídicos
A Liga Jurídica Estadual do Rio de
Janeiro puniu a Atlética de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Rio
de Janeiro (Puc-Rio) depois de denúncias de racismo envolvendo alunos da
faculdade de direito durante os Jogos Jurídicos Estaduais de 2018 ,em
Petrópolis, na Região Serrana do Rio. A polícia investiga o caso.
Os episódios
Segundo a liga, foram três os episódios
denunciados envolvendo alunos que fariam parte da torcida da Pontifícia
Universidade Católica do Rio.
No sábado (2), depois da partida
futebol entre PUC-Rio e UCP, uma integrante da torcida da PUC teria jogado uma
casca de banana na direção de um atleta negro da UCP.
No domingo (3), após a final do
basquete masculino entre PUC-Rio e UERJ, integrantes da torcida da PUC-Rio
imitaram macacos diante dos torcedores negros da UERJ e, mais tarde, torcedores
da PUC-Rio, novamente, teriam chamado uma atleta de handebol da UFF de macaca.
O estudante de Direito da Uerj, Lucas
Ferreira, de 22 anos, contou que presenciou o momento em que alunos da PUC
teriam imitado macacos para ofender torcedores negros da Uerj e foi um dos que
fez a denúncia à atlética da universidade.
"Estava na arquibancada entre as
duas torcidas. Durante o jogo, a torcida da Uerj cantou 'PUC racista' mais de
uma vez, em função do episódio da banana, no dia anterior. A torcida da PUC se
direcionava para a saída, comemorando, quando dois integrantes da delegação
começaram a imitar macacos, com gestos de bater no peito e sons de 'uh uh uh'.
Aí os denunciei para a atlética da Uerj", disse Lucas.
O G1 conversou também com a
aluna de Direito da Uerj Brenda Uzeda, que presenciou um dos atos de racismo
praticados por universitários da PUC-Rio. A universitária, que faz parte de
outros movimentos como o Coletivo Negro Patrice no Lumumba e da Campanha Jogos
Sem Racismo, disse que o clima na delegação “era de morte” após o ato.
“No final da partida, a torcida da PUC
se encontrou com a torcida da Uerj na saída e um garoto fez um gesto e barulho
de macaco em direção a torcida da UERJ. Os seguranças chegaram e tiraram a
torcida da PUC do local. A torcida da Uerj começou a chamar a torcida da PUC de
racista”, disse Brenda.
“Eu me senti constrangida, o clima da
minha torcida era de morte, não tinha uma pessoa que não tivesse chorando.
Fomos explicitamente atingidos. Para mim, não foi novidade. A PUC-Rio
demonstrou nos Jogos Jurídicos um substrato de uma sociedade racista”, afirmou.
Uma aluna do 9º período do curso de
direito da Uerj, que preferiu não se identificar, vai aos jogos desde 2013 e
disse que houve uma melhora significativa nos cantos de torcida da PUC. A
estudante, que fez um período do curso na universidade católica antes de
ingressar na Uerj, também contou que se sentia incomodada com os cantos
preconceituosos.
"A torcida da PUC melhorou muito.
Até 2014, a PUC cantava músicas surrealmente racistas, eu me sentia muito
desconfortável. Sendo que a atlética de direito da UERJ era chamada de Congo,
navio negreiro, justamente porque foi a primeira a ter cotas e,
consequentemente, mais pessoas negras na universidade. Foi assim que a torcida
resolveu abraçar o termo e se autointitular assim mesmo", contou a
estudante de Direito, de 23 anos.
Punições
Segundo a Liga Jurídica Estadual, a PUC
do Rio foi punida com a perda de pontos e acabou o perdendo o título de campeã
da competição neste ano e a atlética da universidade não poderá participar dos
Jogos Jurídicos Estaduais do Rio de Janeiro em 2019.
As investigações estão a cargo da 105ª
Delegacia de Polícia, que busca informações que possam levar os agentes aos
suspeitos de envolvimento nos casos de injúria racial.
Nas redes sociais, universidades
fundadoras da Liga, responsável pelos Jogos Jurídicos Estaduais do Rio de
Janeiro, publicaram uma nota da organização de repúdio aos casos de racismo e
enumerando as punições aplicadas à PUC do Rio.
Nota de repúdio da Liga Jurídica
Estadual e com as punições aplicadas à Puc do Rio
O movimento Jogos Sem Racismo, formado
por estudantes negros de universidades do Rio, publicou uma nota na rede
social, explicando os casos, repudiando as ações e cobrando medidas da LJE, que
acatou as demandas do movimento com as punições à PUC do Rio.
https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/equipe-da-puc-e-punida-apos-denuncias-de-racismo-em-jogos-juridicos.ghtml
Comentário:
Ao
ler esta reportagem fiquei muito impressionada com o ocorrido, pois o crime foi
cometido por jovens que estão fazendo faculdade de Direito! Como assim? Como
estudantes de Direito tem esse pensamento preconceituoso?
Se
meu avô falasse esse tipo de coisa, por mais que eu ache um absurdo, eu
entenderia pelo simples fato de ele ter vivido em uma época diferente da nossa
e ter crescido aprendendo esse tipo de coisa, porém, estamos no século XXI,
como pode ainda existir isso? Isso deve acabar!
Esses
universitários serão o futuro da advocacia do Brasil! Como seres humanos
que descriminam outros seres humanos pela cor, poderão ser juízes um dia?!
Como
meu irmão estuda na PUC, ele me contou que outros alunos da universidade
colaram papéis contra o racismo pelo prédio da faculdade de Direito e os
estudantes de direito amassaram os papéis e jogaram no chão, mostrando não ter
nenhum arrependimento, ou até mesmo, respeito.
Acho
uma vergonha o que aconteceu. Eu não aceito e nem nunca vou aceitar o racismo,
pois acredito, e eu estou certa, que uma pessoa não pode ser humilhada,
reduzida ou até agredida por ser negra, pois eu aposto que essas pessoas que
sofreram a vida toda por serem negras, tem um caráter MUITO melhor do que de
todas as pessoas que foram racistas.
