Brincar
é preciso
Um novo tipo
de biblioteca está aparecendo na África do Sul: no lugar de livros, ela oferece
brinquedos à vontade. Não é assim uma Disneylândia. Esqueça itens motorizados,
vistosos e caros. Ali tudo é simples e por isso mesmo chama a atenção pelo alto
impacto. Como em uma biblioteca tradicional, a criança leva o brinquedo para
casa – uma iniciativa despretensiosa que resulta em efeitos concretos e
positivos.
O sistema
para dar certo também não tem nada de complicado. “O brinquedo precisa ser
usado na idade correta, estar adequado ao estágio de desenvolvimento da criança
e ter alguma conexão com a sua cultura”, explica Monica Stach, estudiosa dos
benefícios da brincadeira para o aprendizado e CEO da ONG Cotlands, baseada em
Joanesburgo. O ponto número dois é decisivo para fazer da experiência um marco
no desenvolvimento infantil. “Os pais recebem uma boa orientação sobre como
brincar com a criança”, diz Monica.
O projeto
ainda não tem tanta escala — alcança 12 000 crianças em seis províncias
sul-africanas –, mas 300 000 estão no radar. Veem-se essas bibliotecas em toda
a parte: hospitais, igrejas, escolas. Em torno delas, há também encontros que
reúnem pais e filhos, para brincarem em parceria com outros. Tudo ocorre fora
da grade escolar, embora já sirva para sedimentar noções que serão valiosas
para absorver o conhecimento que virá depois.
O relatório
Pedagogia do Brincar, da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, enfileira os
benefícios desta atividade há até bem pouco tempo dissociada do aprendizado: “A
brincadeira ajuda a criança a tirar sentido do mundo em que vive, muda a
maneira de buscar e firmar amizades e o modo como seu intelecto é moldado e
estimulado.” Por todas essas evidências, os pesquisadores defendem que brincar
deve ser uma arma pedagógica, uma tática para ensinar de modo atraente e afeito
ao universo infantil.
Algumas
rodas na educação ainda torcem o nariz para a ideia de fazer da brincadeira um
ato de aprendizado: como se ela perdesse a espontaneidade que lhe é inerente.
Mas não precisa ser desse jeito. “Basta que o currículo seja bem pensado, de
modo a tirar o melhor da brincadeira sem desfigurá-la”, alerta Andre Viviers,
especialista em desenvolvimento da primeira infância na Unicef. Ele completa: “O
que se pratica hoje na sala de aula está fora de moda, é ultrapassado, maçante.
O caminho é brincar seguindo um fio da meada.”
A ciência
tem investigado a fundo o que funciona neste campo que agora se abre na
educação. Um deles: aprender manuseando brinquedos contribui para fixar o
conhecimento. A ONG Care for Education levou adiante um projeto com a Fundação
Lego que volta à ideia de que a brincadeira não precisa ser sofisticada para
chegar a algum lugar. Um piloto que alcança hoje 300 escolas da África do Sul
se resume a seis blocos – isso mesmo, só seis – de tamanhos iguais e cores
diferentes. A partir daí, uma equipe liderada pelo professor Brent Hutcheson, o
inventor da ideia, produziu um caderno com 300 atividades sugeridas para a sala
de aula. “As tão celebradas capacidades do século XXI são assim estimuladas
desde os primeiros passos: criatividade, resolução de problemas, flexibilidade
de raciocínio”, diz Brent.
O Brasil,
que finalizou não faz muito tempo o primeiro currículo para a pré-escola, não
está alheio ao debate. Tanto que incluiu no texto a ideia de que brincar, com
algum norte, é preciso. A partir de agora é treinar os professores – e torcer –
para que teoria se converta em boas práticas. A especialista Monica Stach deixa
o aviso: “Há uma inclinação natural para brincar. Que se extraia o melhor
disso.”
https://veja.abril.com.br/educacao/brincar-e-preciso/
Comentário:
Eu achei essa forma de educar a
criançada muito interessante, pois promove a educação aliada à diversão, ajudando
no melhor entendimento da matéria, que se torna menos chata e mais fácil de ser
lembrada.
Além disso, as pessoas não sabem,
mas brincar faz com que as crianças aprendam e se desenvolvam. É sobre isso que
fala a reportagem. Criança que brinca aprende melhor a lidar com as situações
do mundo. Sabe se virar melhor, organiza o pensamento, trabalha um monte de
coisas!
Essas “bibliotecas” ajudarão as
crianças nesse desenvolvimento e ajudarão as escolas.
Um exemplo parecido, mas não como o
que aparece na reportagem, de que nos desenvolvemos bem quando brincamos é o de
quando eu era menor e tive uma aula de fração com chocolate. Foi uma das
melhores aulas, pois foi com uma coisa que eu gosto. Assim, até hoje não esqueço.
Por isso, espero que mais escolas, cidades e países pratiquem
esse método nas escolas.