Festival do Rio 2018, que começa nesta quinta, quase não aconteceu, diz diretora
RIO
— Por pouco o 20º Festival do Rio não acontece. Originalmente previsto para
outubro, ele começa nesta quinta-feira, com sessão de “Viúvas”, de Steve McQueen,
no Odeon, e é encerrado dia 11 com “O Grande Circo Místico”, de Cacá Diegues, o
representante brasileiro na corrida para o Oscar. Alvo de especulação, o
adiamento foi provocado por falta de patrocinadores. Foi necessário mais tempo
para se ajustar ao orçamento reduzido.
— Houve momentos
em tive vontade de jogar a toalha — admite Ilda Santiago, diretora do evento. —
Teve gente que sugeriu fazer um festival com poucos filmes ou só com uma
mostra, mas isso não é o nosso perfil.
Serão cerca de
200 títulos de 60 países exibidos em 20 locais da cidade, durante 11 dias — uma
redução em relação aos 250 filmes da edição anterior. Mas Ilda acredita que a
experiência não muda para os espectadores ( veja a programação completa no site
). É que os cortes ocorreram nos bastidores, ela diz.
Há, por exemplo,
menos convidados internacionais. Graças ao apoio de consulados e produtores,
nomes de destaque ainda estão presentes, como o francês Olivier Assayas, que
vem apresentar “Vidas duplas”, seu longa que tem Juliette Binoche no elenco.
Festas para convidados ficaram de fora. Além disso, mostras especiais foram
canceladas. Passagens e hospedagens para equipes dos filmes, limitadas.
A edição passada
foi a primeira sem o apoio da Prefeitura. Este ano não é diferente.
— No caso da
Première Brasil, vitrine do cinema nacional, não cortamos o número de filmes. A
ideia era não penalizar o público de maneira alguma — diz Ilda.
Ao todo, são 84
obras brasileiras (ou coproduções) na programação: 64 longas e 20 curtas, entre
ficções e documentários. “Inferninho”, de Pedro Diogenes e Guto Parente, é uma
pérola nesse caldeirão. Com pegada surreal, os cineastas retratam o romance
entre a dona de um bar e um marinheiro enquanto o estabelecimento tenta
resistir à especulação imobiliária. O filme, de baixo orçamento, causou
burburinho em Roterdã e Brasília.
Uma novidade
desta edição são quatro clássicos nacionais em versão restaurada: “Central do
Brasil” (1998), de Walter Salles; “Pixote: a lei do mais fraco” (1981), de
Hector Babenco; e “Rio 40 graus” (1955) e “Rio Zona Norte” (1957), ambos de
Nelson Pereira dos Santos, morto em abril deste ano.
A mudança de
data, no entanto, tornou inevitável a presença de longas não inéditos na Première
Brasil, uma das seções mais concorridas. Em competição, as ficções “Domingo”,
de Clara Linhart e Fellipe Barbosa; “Tinta bruta”, de Marcio Reolon e Filipe
Matzembacher (prêmio Teddy em Berlim); e “A sombra do pai”, de Gabriela Amaral
Almeida, já foram projetados em Brasília ou na Mostra de São Paulo.
— Quase todos os
realizadores demonstraram preocupação com a possibilidade de ter suas obras
excluídas do Festival do Rio por terem passado em outros eventos, mas fizemos a
seleção sem dar tanto peso à trajetória dos filmes. O mais importante era
apresentar uma programação diversa, característica que nos define — defende
Ilda.
https://oglobo.globo.com/cultura/filmes/festival-do-rio-2018-que-comeca-nesta-quinta-quase-nao-aconteceu-diz-diretora-23199777
Quando vejo uma reportagem como essa penso
logo que isso está acontecendo com tudo no Rio de Janeiro. Temos problemas na
Saúde, na Educação, lógico que teríamos problema com a Cultura do Estado!
Ainda bem que tem pessoas que se dedicam e
amam o que fazem e brigam para as coisas aconteçam. Muito interessante à
determinação da diretora do evento, pois mesmo
sendo muito difícil, ela queria que ele não perdesse a qualidade. Ela se
preocupou com cada filme, para manter a reputação de um festival tão importante
para o Rio.
Acho
interessante que tenha eventos como esse, pois ele além de mostrar filmes internacionais,
dão bastante importância para os filmes nacionais, e isso é extremamente
importante para a cultura do Brasil.
Espero que esse não seja o último e nem
o único festival. Que no futuro seja muito mais fácil conseguir patrocinadores
e pessoas dedicadas a trazer mais cultura para o carioca.